A Matéria do Pão
Tenho desejado tantas pessoas a meu lado,
Fiz uso da poesia para abrandar minha fome
E encontrei mil fontes inspiradoras,
Corpos mais ou menos perfeitos,
Que guardei para devorar no fim de tarde,
Quando a solidão é coisa mais premente,
Tanto fora quanto dentro de mim.
Tenho desejado tantas pessoas
E tenho visto meu alimento perder-se,
A preciosidade dos grãos perdidos na areia,
Meu trigo, meus grãos de mostarda,
A falta de pão, a falta de alguém em meu corpo.
Tenho desejado tantas pessoas a meu lado,
Fiz plano para meu repasto entre saraus
E meu leito fez-se távola vazia,
Corpos totalmente ausentados,
Que esperava devorar através da noite,
Quando a solidão era a fome mais abrupta,
Tanto fora quanto dentro de mim.
Meu alimento misturou-se com o vento
E a matéria do pão revolveu-se
Com os flocos de areia...
31/8/1997
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